Termino a leve subida da Patápio Silva e paro no primeiro sinal da Henrique Schaumann. Daqui até meu destino final só há descida e um grande trecho plano.
Uns carros se incomodam atrás de mim, e fazem manobras um pouco mais agressivas para me ultrapassar e logo parar no próximo sinal ali em baixo, na Cardeal ou na Teodoro. Adiante, na grande caixa da Brasil, eu passarei pelo meio de todos eles e, pelo menos até meu destino final, uns 4km adiante, nenhum automóvel voltará a me alcançar.
Nenhum, independente de potência, marca, tamanho ou preço.
Do planeta kripton, berço do Super-Homem, vem um intrigante elemento do mito, a kriptonita.
Um mito é bom quando explica com elegância, e por diferentes lados, algum aspecto da vida. Interessante assistir, de cima de uma bicicleta, ao outro momento da força. Aquele em que o superpoder vai pelo ralo.
“Pobre Super-Homem, nada pode contra mim neste lugar!”, e talvez seja esse um adjetivo particularmente ofensivo para muitos super-homens.
Fica fácil entender o ódio dessas máquinas contra ciclistas e motociclistas, que seguem livres seu caminho apesar de uma ou outra gota de chuva.
você traduziu em palavras o que eu já pensei várias vezes ao sair por aí de bicicleta… o poder deles naquela hora some…