razão

Fui com um amigo ao centro, ele ia passar uns dias no sertão e estava providenciando os equipamentos que faltavam para a viagem. Entramos numa loja e ele começou a examinar uns facões, daqueles com lâmina de uns cinquenta centímetros.

Ele me mostrou a faca, segurando com as duas mãos, e brincou:

— Isso aqui se chama razão!

Continuamos com a piada imaginando mais algumas falas:

“Sim senhor, vejo que o senhor está com a razão.”

“Quem está com a razão aqui sou eu.”

“Lá tá cheio de jagunço, é bom sempre estar com a razão.”

Em terra sem lei, uma disputa tende a ser resolvida pela força. Ostentar a superioridade física pode até mesmo tornar desnecessário que se chegue às vias de fato. O nome dessa estratégia é intimidação.

Na disputa diária dos motoristas pelo espaço limitado nas ruas, a necessidade de estar sempre com a razão explica, por exemplo, a proliferação daqueles automóveis muito grandes, verdadeiros tanques de guerra urbanos.

Explica também aqueles adesivos de artes marciais e de técnicas de briga que os meninões colam em seus carros.

E quando um ciclista tenta ocupar o espaço que é seu por direito nas vias de uma cidade, muitas vezes encontra uma resistência agressiva e acaba cedendo. Pois armados com uma tonelada de aço, os motoristas geralmente estão com a razão.

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