assertividade

A segurança do ciclista depende em grande parte da maneira como ele ocupa o espaço.

Quando você está usando um pedaço da via pública para trafegar, é muito importante deixar claro para o motorista que você já está ali. Somente depois de entender que um determinado espaço da via já está ocupado é que o motorista vai conseguir aceitar o fato de não poder usá-lo naquele momento e que, portanto, terá que aguardar a sua vez.

Sem a enorme massa metálica dos veículos motorizados, um ciclista precisa usar artifícios para se fazer notado. A forma de ocupar o espaço contribui bastante para isso. Precisamos ter uma atenção especial à clareza da mensagem quando dizemos ao motorista, através dos nossos movimentos, “já estou aqui”.

É aí que entra a assertividade.

Uma fala assertiva é aquela que transmite a mensagem de maneira clara e direta, adotando uma postura que está longe de ser submissa mas é, ao mesmo tempo, bastante diferente de uma postura agressiva.

Em uma bicicleta, a assertividade está no gesto.

Na constante negociação pelo uso do espaço em uma via pública, a hesitação pode muitas vezes comprometer a segurança. Ao hesitar, você deixa o motorista sem saber se você vai ou não vai fazer a manobra.

Dessa forma, você dá a ele duas opções. A primeira é assumir que você não vai, e assim ele acaba ocupando com sua covarde massa de metal o espaço que você está tentando ocupar. A segunda é supor que você vai, ou pelo menos esperar mais um pouco para ver o que você vai fazer. Nesse momento ele vai culpar você e todos os outros ciclistas por lhe fazerem perder o seu tempo. E você sabe como eles sofrem quase constantemente por sentir o seu tempo sendo desperdiçado. Um sofrimento que não será suficiente para provocar uma mudança de projeto de vida mas certamente é suficiente para querer nos ver banidos das ruas.

Quando você precisa ocupar uma faixa (por exemplo, ao se preparar para uma conversão à esquerda ou ao fazer um cruzamento de fluxo) e ela está livre, ela deve ser ocupada de maneira assertiva.

É evidente que você só vai fazer isso numa situação em que é possível ocupar a faixa, ou seja, em que a velocidade dos carros em relação à sua não é muito grande.

Ao verificar que o carro que vem atrás ainda se encontra a uma certa distância, simplesmente ocupe a faixa. Com um gesto firme, ágil e seguro, coloque-se no meio da faixa e fique estável ali. Deixe claro que nenhum movimento seu é aleatório, que não há descuido, que você sabe que tem um carro atrás de você, que é ali mesmo que você quer estar e que você tem um motivo para isso.

Mesmo você se colocando na frente dele, ele não vai passar por cima de você. Ele vai entender claramente que aquele lugar à frente dele agora está ocupado, e então vai reduzir.

Alguns instantes depois, você não precisará mais daquele espaço e vai desocupá-lo, fazendo isso também de maneira assertiva.

Tudo isso vai acontecer em poucos segundos. Quando o motorista se der conta, você já estará fora do seu caminho, talvez até bem antes que ele tenha tempo de se lamentar por ter um ciclista à sua frente.

Para completar, quando você já tiver liberado o espaço e o motorista vier a passar por você, agradeça por ele ter cedido a passagem, mesmo que não tenha sido exatamente isso que aconteceu. Ele se sentirá recompensado, ficará mais feliz e, isto sim importante, mais confiante nas atitudes e movimentos dos ciclistas.

Um agradecimento sincero, olho no olho, jamais é uma atitude de submissão. Muito pelo contrário. Sobretudo quando acompanha um gesto assertivo seu, um agradecimento mostra de que lado está a seriedade, a coragem e, sobretudo, a civilidade.

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