Gente se espreme sob as marquises, motociclistas vestem suas capas, ônibus fecham as janelas, ciclistas aceleram para esquentar, pois encharcar-se é inevitável.
Quem pensava em ir a pé ou de transporte público tem agora uma boa desculpa para ir de carro, caso tenha um.
O chão vai lavando, o ar refresca, as agendas bagunçam.
Atrasos são tolerados. Nada como fenômenos naturais para culpar pelas mazelas do sistema de transporte.
Água dissolve dilemas. Agora não dá, vou quando passar. Deixa pra amanhã.
Depois que para, ficam reflexos, aromas, correntes.
Buscam o rio, depois outro rio, até o mar.
Penetram na terra, nas vidas, nas conversas, nos projetos.
Em terra de máquinas, ficam mais humanas as pessoas molhadas.
Delícia de texto. Tem cheiro de chuva.