Num certo momento a coisa vira. Simplesmente passa a ir em outro rumo. Ocorre aí a diversão, do latim divertere: o ato de verter, virar, modificado pelo prefixo di, que indica afastamento. Voltar-se em outra direção.

Quando vamos nos divertir, deslocamos nossa atenção para longe do trabalho e das preocupações.

Para o trem, um entroncamento de via posicionado para desviá-lo é o ponto de diversão. Se o caminho assim quer, o trem vai, simplesmente.

O trem nunca precisou daquela fantasia burguesa e romântica de impor a vontade sobre o chão, escolhendo o caminho que quiser a hora que quiser só para sentir-se único, o dogma que concebe o carro como essencial à vida urbana.

Quando venho pela estrada que me traz de volta da cidade vizinha, avisto o entroncamento por onde chego em casa. Ele fica logo depois de a SP-312 passar a ponte sobre um riozinho, subir um pouco e fazer uma curva à direita. Então a rua que dá acesso ao bairro sai diagonalmente da estrada.

Este tem sido o entroncamento que dá acesso à minha casa nos últimos três anos e pouco. Deixa de ser nesta semana. A posição dos trilhos mudou, o rumo agora será outro.

Como aquele trem, estou agora em meu ponto de diversão.