cenografia

Às vezes, um objeto é escolhido e utilizado exclusivamente por seu valor simbólico.

cenografia
foto: outubro/2015

As bicicletas coroam a decoração deste estande de vendas de imóveis.

O local será visitado por especuladores a fim de investir nesse ativo com grande potencial de valorização. Afinal, além de boa localização, tem conceito. Tem estilo de vida. Tem atitude. Tem saúde. Tem até bicicleta na frente.

Poderia ser um carrão com uma peituda encostada no capô.

Mas são bicicletas. Ocupam o mesmo lugar do carrão na sintaxe dos formadores de sentido.

Sempre bom alinhar a mensagem aos clichês da época.

Vale lembrar que, neste caso, trata-se potencialmente de um público para quem bicicleta só serve para achar bonito, a ponto de ter valor de cenografia. E metrô perto só serve para valorizar patrimônio.

Ou você acredita que existe ali a proposta de uma construtora para mudar a vida em São Paulo?

Talvez a sua vida não ande muito boa, mas a das construtoras vai muito bem, obrigado. Elas mandam na cidade, no governo municipal, no plano diretor. Mudar para quê?

Se é para mudar, é preciso pensar em ações um pouco mais efetivas e menos simbólicas como usar bicicletas como objeto de decoração.

Por exemplo, começar a construir edifícios sem garagem quando localizados em lugares nobres e centrais, servidos por metrô. Ainda que precisemos de leis para que isso aconteça.

Talvez fique mais fácil ver isso como proposta para um novo projeto de vida.

Se isso um dia acontecer, quem sabe seja um indício de que estejamos a caminho do ponto da virada.

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